Há alguns dias meu filho de oito anos vem falando da importância de criarmos um curso de formação de missionários. Esta manhã ele voltou ao assunto e, antes do café da manhã, fez um desenho de como deveria ser a “bandeira” e o nome do curso. Quando veio me entregar começou a falar sobre evangelismo, mulçumanos e perseguição aos cristãos. Lembrou-me de que anteriomente eu havia falado na escola bíblica que ainda não há grandes perseguições no Brasil, mas que um dia isso acontecerá e eu concordei, orgulhoso da memória dele.
Mas então, veio a pergunta difícil: “Pai, o senhor está pronto para falar a verdade a um mulçumano mesmo com perseguição aos cristãos?” Minha vontade imediata era de responder com um grande e empolgante “SIM”, mas perdi as palavras. Era uma criança na minha frente, mas isso tornava a resposta mais difícil ainda.
Eu não queria – e não poderia – desapontá-lo negando minha fé, mas também não poderia mentir. Então, respirei fundo e respondi: “Filho, é uma obrigação nossa falar a verdade sobre Jesus a todas as pessoas e se for para evangelizar um mulçumano nas atuais condições do Brasil, eu o farei, mas se for em um território de perseguição eu não sei o que faria. Acho que só vou saber se acontecer um dia”. Ao que ele completou: “mas pai você precisa ter coragem, ir lá e falar…”
Quando o assunto é ser cristão, já foi muito mais difícil sustentar esse título. Mas será que carregar o título de cristão como fazemos hoje no Brasil tem sido suficiente? O sofrimento dos verdadeiros cristãos vem se estendendo desde que Jesus foi preso no Getsêmani. Desde então, passamos por diferentes tipos de perseguições, mas todos visavam a mesma questão: inibir o trabalho do Reino de Deus na terra.
Depois que Jesus ressuscitou, os discípulos foram ameaçados, caçados, martirizados e mortos. Mas a Igreja nunca parou de pregar a Palavra. A prova é que estamos aqui, por que Jesus cumpriu a Sua promessa: Mateus 28.20 – Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.
Durante séculos, muitos se infiltraram na Igreja fingindo querer Jesus, mas suas intenções eram apenas usar a fé para manipular pessoas a fim de adquirir riqueza e poder. Um momento crítico desses foi quando imperadores romanos se dizendo cristãos, tomaram a liderança da igreja e começaram dirigi-la de acordo com suas vontades e deixando de lado o interesse do Reino dos Céus. Então, homens santos de Deus cheios de sabedoria e discernimento escolheram se afastar e viver o verdadeiro evangelho do Senhor Jesus Cristo, mas foram perseguidos pelos que se diziam igreja e massacravam os verdadeiros servos de Deus.
Hoje, no mundo inteiro, cristãos sofrem perseguição porque se convertem a Jesus, mas no Brasil ainda temos uma falsa liberdade para cultuar ao Senhor. Falsa porque apesar da nossa Constituição garantir a liberdade de culto, grupos políticos vem trabalhando constante e sorrateiramente contra o Reino de Deus e criando leis cada vez mais contrárias à vida cristã a fim de nos tirar a liberdade de culto e, principalmente, de pregar o evangelho. Mas, o que fazer diante dessa limitação? O apóstolo Paulo, perseguido desde sua conversão até seu martírio, escreve em 2 Coríntios 4:
8 – Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. 9 – Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; 10 – Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; 11 – E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal. 12 – De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13 – E temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também, por isso também falamos. 14 – Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco.
Precisamos aproveitar esse pouco de liberdade que ainda nos resta para darmos testemunho da verdade eterna que está em nossos corações. Mas, sem abrir mão dos princípios cristãos e isso, inclui não temer a perseguição aqui, nem além das fronteiras, mesmo quando tal liberdade não mais existir. Ainda que nosso corpo seja destruído há uma casa, cujo o artífice e construtor é Deus, preparada para aqueles que nEle confiam e não se envergonham do seu nome, nem temem perder suas vidas por amor do testemunho de Jesus.
Na graça de nosso Senhor Jesus Cristo,
Pr Josué Lima