Arquivo da categoria: Vida Cristã

O tempo de Deus – Eclesiastes 8

pexels-photo-2962588.jpeg
Foto por Aleks Magnusson em Pexels.com

O contexto de Eclesiastes 8 fala de conceitos de um reino. Ou seja, o texto fala sobre uma vida submissa ao rei e suas possíveis desdobramentos. Porém ao comparar o texto com outras passagens bíblicas, é possível identificar suas semelhanças ao Reino de Deus e à vida cristã nos dias de hoje.

Assim sendo…

Verso 5 Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; e o coração do sábio discernirá o tempo e o juízo.

Conhecemos o ditado “quem não deve não teme”. É semelhante ao que o texto está dizendo. Uma pessoa que obedece à legislação do seu país não tem porque temer às autoridades, muito menos tê-las como inimigas. Isto quer dizer que a pessoa não sofrerá consequências, ou seja, não será julgada, já que não comete crime (Romanos 13.1-7). O mesmo acontece aos servos de Deus que se submetem à Sua lei. Uma vez justificados, podem viver em paz com seu Rei, pois não serão mais condenados (Romanos 5.1; 8.1).

O versículo diz ainda que tal pessoa discerne o tempo e o juízo (o modo como as coisas acontecem). Isto significa que ela vive atenta ao que está acontecendo à sua volta e isso lhe dá tempo para se antecipar aos fatos e tomar decisões corretas (Salmos 90.12). Uma pessoa distraída não percebe o mal se aproximar e é obrigada a viver de improviso, por isso, quase nunca vence as lutas (1 Pe 5.5-9).

Verso 6 Porque para todo o propósito há seu tempo e juízo; porquanto a miséria do homem pesa sobre ele. (Eclesiastes 3.1).

Definitivamente, no que depende de Deus, tudo acontece na hora certa e a seu modo (juízo). Antes que o tempo existisse Deus já era Senhor e Pai da Eternidade, por isso, tem todo direito de determinar o tempo para todas as coisas. O problema é que as pessoas, simples mortais, querem definir o tempo a seu próprio modo, isto é, como julgam que seria melhor. E nesse julgamento pessoal, esquecem de considerar o tempo do outro. E a vida aqui na terra é como a fila de um atendimento, precisa-se respeitar o tempo e o direito de cada um.

Tomemos por exemplo uma pessoa que sonha com uma vida estabilizada. Ela precisa está atenta aos acontecimentos à sua volta e às consequências deles em longo prazo para que possa agir com sabedoria na hora certa. Uma vida estabilizada começa pelo lar que a pessoa constrói, principalmente se a pessoa pretende casar-se, o que não é obrigatório. Mas independente disso, ela terá que ganhar e economizar dinheiro, o que significa trabalhar e planejar; pensar na casa própria, no estilo de vida que quer levar, etc. Isso tudo não acontece da noite para dia e sim no tempo determinado de maneira universal. Existe uma cronologia: crescer, estudar, trabalhar… e assim por diante.

Imagine o trabalho dos seus sonhos. Para consegui-lo você terá que aproveitar o tempo para estudar e aprender coisas novas a fim de que, ao surgir o processo seletivo, você esteja entre os qualificados para a vaga de emprego. E se escolher a vida a dois? Não pode ser de improviso. Terá que escolher alguém que zela pelos mesmos princípios que você vive; alguém que entenda e aceite o seu estilo de vida.

Assim sendo, discerni o tempo é construí uma timeline coerente com a Palavra de Deus (a lei que nos submete ao seu governo). Viver no tempo de Deus é fundamental para ter uma vida bem sucedida. Assim como, ser coerente em nossas decisões diárias, pois há escolhas que parecem boas hoje, mas qual será o seu resultado daqui a dez ou vinte anos? É sobre isso que fala o próximo versículo.

Verso 7 Porque não sabe o que há de suceder, e quando há de ser, quem lho dará a entender? (Pv 24.7)

Como não sabemos o que acontecerá amanhã, é necessário viver com muita prudência em tudo o que fazemos agora. Imagina só como seria perigoso se as pessoas soubessem quando a morte virá? Elas agiriam de forma premeditada tanto em relação a Deus quanto às outras pessoas. Deixariam para servir a Deus no último instante, o que não as salvaria, pois Deus não aceita esse tipo de serviço. Precisamos servir a Deus de forma incondicional e por tempo indeterminado. Agiriam da mesma forma com o próximo, principalmente com chantagem emocional para tirar proveito nos últimos dias de vida.

Diante dessa reflexão pode-se concluir que: (1) a eternidade pertence a Deus, assim como tudo que diz respeito ao tempo; (2) existe uma cronologia na vida de cada um de nós e precisamos de discernimento para ler e viver essa timeline de acordo com a Palavra de Deus – a Bíblia; (3) o tempo de Deus é diferente do nosso porque o dele inclui toda a humanidade, ou seja, respeita a vez de cada um; (4) o tempo de Deus é melhor que o nosso porque é perfeito. Não atrasa, mas também não se precipita; (5) O tempo de Deus é o tempo da Bíblia. Ou seja, quando intentarmos fazer alguma coisa, devemos buscar sua orientação. Se o seu texto aprovar, então podemos fazer.

Na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo,

Pr Josué Lima

Leia outros Artigos como esse clicando AQUI!

Perseguidos, mas não desamparados

20190920 - Pers.docx.png

Há alguns dias meu filho de oito anos vem falando da importância de criarmos um curso de formação de missionários. Esta manhã ele voltou ao assunto e, antes do café da manhã, fez um desenho de como deveria ser a “bandeira” e o nome do curso. Quando veio me entregar começou a falar sobre evangelismo, mulçumanos e perseguição aos cristãos. Lembrou-me de que anteriomente eu havia falado na escola bíblica que ainda não há grandes perseguições no Brasil, mas que um dia isso acontecerá e eu concordei, orgulhoso da memória dele.

Mas então, veio a pergunta difícil: “Pai, o senhor está pronto para falar a verdade a um mulçumano mesmo com perseguição aos cristãos?” Minha vontade imediata era de responder com um grande e empolgante “SIM”, mas perdi as palavras. Era uma criança na minha frente, mas isso tornava a resposta mais difícil ainda.

Eu não queria – e não poderia – desapontá-lo negando minha fé, mas também não poderia mentir. Então, respirei fundo e respondi: “Filho, é uma obrigação nossa falar a verdade sobre Jesus a todas as pessoas e se for para evangelizar um mulçumano nas atuais condições do Brasil, eu o farei, mas se for em um território de perseguição eu não sei o que faria. Acho que só vou saber se acontecer um dia”. Ao que ele completou: “mas pai você precisa ter coragem, ir lá e falar…”

Quando o assunto é ser cristão, já foi muito mais difícil sustentar esse título. Mas será que carregar o título de cristão como fazemos hoje no Brasil tem sido suficiente? O sofrimento dos verdadeiros cristãos vem se estendendo desde que Jesus foi preso no Getsêmani. Desde então, passamos por diferentes tipos de perseguições, mas todos visavam a mesma questão: inibir o trabalho do Reino de Deus na terra.

Depois que Jesus ressuscitou, os discípulos foram ameaçados, caçados, martirizados e mortos. Mas a Igreja nunca parou de pregar a Palavra. A prova é que estamos aqui, por que Jesus cumpriu a Sua promessa: Mateus 28.20 – Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.

Durante séculos, muitos se infiltraram na Igreja fingindo querer Jesus, mas suas intenções eram apenas usar a fé para manipular pessoas a fim de adquirir riqueza e poder. Um momento crítico desses foi quando imperadores romanos se dizendo cristãos, tomaram a liderança da igreja e começaram dirigi-la de acordo com suas vontades e deixando de lado o interesse do Reino dos Céus. Então, homens santos de Deus cheios de sabedoria e discernimento escolheram se afastar e viver o verdadeiro evangelho do Senhor Jesus Cristo, mas foram perseguidos pelos que se diziam igreja e massacravam os verdadeiros servos de Deus.

Hoje, no mundo inteiro, cristãos sofrem perseguição porque se convertem a Jesus, mas no Brasil ainda temos uma falsa liberdade para cultuar ao Senhor. Falsa porque apesar da nossa Constituição garantir a liberdade de culto, grupos políticos vem trabalhando constante e sorrateiramente contra o Reino de Deus e criando leis cada vez mais contrárias à vida cristã a fim de nos tirar a liberdade de culto e, principalmente, de pregar o evangelho. Mas, o que fazer diante dessa limitação? O apóstolo Paulo, perseguido desde sua conversão até seu martírio, escreve em 2 Coríntios 4:

8 – Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. 9 – Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; 10 – Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; 11 – E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal. 12 – De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13 – E temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também, por isso também falamos. 14 – Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco.

Precisamos aproveitar esse pouco de liberdade que ainda nos resta para darmos testemunho da verdade eterna que está em nossos corações. Mas, sem abrir mão dos princípios cristãos e isso, inclui não temer a perseguição aqui, nem além das fronteiras, mesmo quando tal liberdade não mais existir. Ainda que nosso corpo seja destruído há uma casa, cujo o artífice e construtor é Deus, preparada para aqueles que nEle confiam e não se envergonham do seu nome, nem temem perder suas vidas por amor do testemunho de Jesus.

Na graça de nosso Senhor Jesus Cristo,

Pr Josué Lima